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Arquitetos: Cazú Zegers Arquitectura
- Área: 69 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Marcos Zegers
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto surge da ideia de criar um pequeno bairro na comuna de Lo Barnechea (Santiago do Chile), que levaria o nome de Pueblo la Dehesa. Sob um ideal contemporâneo e sustentável, foi solicitado o desenho de uma pequena vila composta por três tipos de casas pré-fabricadas de pequeno e médio porte. A casa Tipo A, de 24,5 m2, inclui um quarto e um banheiro, a casa Tipo B, de 49 m2, inclui dois quartos e um banheiro e, por fim, a casa Tipo C, de 63 m2, com dois quartos e dois banheiros.
As três tipologias incluíam uma cozinha, uma sala de jantar e uma sala de estar. O projeto considerou uma montagem orgânica para formar conjuntos de 12 unidades chegando finalmente a 600 módulos. Esta totalidade foi pensada para incluir pequenos serviços dentro do bairro, como cafés, padarias, armazéns gourmet, entre outros. Seu objetivo era formar um sistema de aglomerados na forma de uma cidade pedonal densamente imersa em um parque aberto para as montanhas e no sopé dos Andes. Dessa forma, vimos como fundamental entender as unidades como um pixel dentro de um sistema maior (considerando a meta final de 600 peças).
Para responder a esta exigência, tornou-se necessário compreender o conjunto como um todo, gerando assim uma urbanização orgânica. Em primeiro lugar, foram afastados os desenhos regulares de urbanização que não permitem o desenrolar da vida e os lugares de encontro. É aqui que surge a intenção de Cazú Zegers e seu estúdio de gerar uma urbanização orgânica, onde o conceito do projeto foi caracterizado por observar o comportamento de uma floresta densa.
Isso acabou levando a experimentar o conceito de "timidez botânica", que se refere à capacidade das árvores de detectar a árvore adjacente, evitando que suas copas se choquem, gerando pequenos espaços entre elas. Isso, por sua vez, possibilitou projetar e planejar como cada peça estaria localizada no terreno, gerando grupos com suas pequenas passagens de pedestres. Citando a timidez botânica, essas unidades foram agrupadas no território, montando a pequena cidade por meio desse sistema.
O principal material trabalhado foi a madeira de pinus clara no exterior e o ferro no caso de alguns elementos. Uma das invenções arquitetônicas que se destaca neste projeto é o trabalho estratégico da pré-fabricação para resolver as três tipologias modulares. Por sua vez, outra invenção marcante é a escada de aço, trabalhada e inspirada no origami japonês.
Isso definiu a manipulação de uma peça de aço como uma folha de papel, o que confere ao projeto um elemento escultórico. Por outro lado, as portas foram trabalhadas de forma invisível, evitando a incorporação de moldura para oferecer ao morador a sensação de amplo espaço dentro do módulo. Essa mesma estratégia também permitiu o resultado formal limpo e modular das casas, que também se manifesta nos terraços que projetam o espaço interno.
A proposta de design de interiores visou destacar espaços para o desenrolar da vida, incorporando elementos que propiciassem uma maior sensação de luminosidade e amplitude. O projeto de interiores da casa esteve a cargo de Zegers e Figueroa, e a materialização do mobiliário ficou a cargo da Bontempo. As louças da cozinha e do banheiro são da MK, enquanto a construção da casa modular foi realizada pela RCM Modular.